A estrada construída para a COP30 em Belém que vai desmatar a Amazônia … qual a lógica?

Comunidades locais alertam para os impactos negativos que podem comprometer a sustentabilidade da Amazônia.

A construção da Avenida Liberdade, uma rodovia de quatro faixas com 13 quilômetros de extensão, está gerando controvérsias na região metropolitana de Belém, Pará. Destinada a facilitar o tráfego para a COP30, que ocorrerá em novembro de 2025, a obra atravessa áreas protegidas da Amazônia e impacta comunidades tradicionais.

Impactos Ambientais e Sociais
O projeto, iniciado em 2020, corta uma Área de Proteção Ambiental (APA) e áreas próximas ao Parque do Utinga. A licença ambiental prevê a supressão de 68 hectares de vegetação nativa, afetando espécies ameaçadas de extinção, como o tucano-de-papo-branco e o maracanã. Além disso, a rodovia pode fragmentar habitats e dificultar a movimentação da fauna local, incluindo mamíferos e aves.

Moradores da comunidade quilombola do Abacatal, localizada a pouco mais de um quilômetro da futura avenida, relatam que não foram consultados sobre o projeto, contrariando exigências legais. Cláudio Verequete, morador local, perdeu sua fonte de renda com a derrubada de árvores de açaí e teme que a obra facilite o avanço do desmatamento na região.

Justificativas e Críticas
O governo estadual afirma que a obra é uma prioridade para a mobilidade urbana e que a construção da rodovia não está diretamente ligada à COP30. No entanto, especialistas sugerem que a realização do evento pode ter acelerado o andamento de projetos anteriormente paralisados.

A professora Ana Cláudia Cardoso, da Universidade Federal do Pará, destaca que, embora a obra não tenha recursos vinculados diretamente à COP, a preparação da cidade para o evento serviu de impulso para a construção. Ela também ressalta que a estrada pode interromper a passagem de animais silvestres, mesmo com a previsão de passagens para fauna.

Conclusão
A construção da Avenida Liberdade levanta questões sobre a compatibilidade entre desenvolvimento urbano e preservação ambiental. Enquanto o governo estadual defende a obra como essencial para a infraestrutura da região, ambientalistas e comunidades locais alertam para os impactos negativos que podem comprometer a sustentabilidade da Amazônia. A discussão sobre o projeto evidencia a necessidade de equilibrar progresso e conservação em uma região vital para o equilíbrio climático global.

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