Pesquisas recentes revelam que a água da chuva em diversas cidades do estado de São Paulo, incluindo a capital, Campinas e Brotas, está contaminada por agrotóxicos.

Estudo coordenado pela professora Cassiana Montagner, do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), identificou 14 agrotóxicos e cinco compostos derivados em amostras coletadas entre 2019 e 2021. Entre eles, destaca-se o herbicida atrazina, encontrado em 100% das amostras, e o fungicida carbendazin, proibido no Brasil, detectado em 88% das amostras. Além disso, substâncias como 2,4-D e fipronil também foram identificadas, sendo o último tóxico para abelhas e com alta persistência em ambientes aquáticos .
Embora as concentrações encontradas não tenham ultrapassado os limites de segurança estabelecidos para a água potável no Brasil, muitos desses compostos não possuem regulamentações específicas. Isso aumenta os riscos associados à exposição prolongada, especialmente considerando o aumento do consumo de água da chuva devido à escassez de recursos hídricos. A pesquisa enfatiza a necessidade urgente de monitoramento mais rigoroso e regulamentação para os agrotóxicos, além da implementação de políticas públicas eficazes para tratar a contaminação e proteger a saúde pública.

A origem dessa contaminação está relacionada ao uso excessivo e inadequado de agrotóxicos na agricultura, que ocorre em maiores quantidades em regiões rurais, mas também no paisagismo urbano. Substâncias químicas aplicadas no solo e nas plantações permanecem no ecossistema e continuam presentes em diferentes ambientes, incluindo a água da chuva.
Além disso, um levantamento realizado pela Repórter Brasil identificou a presença de 27 tipos de agrotóxicos na água consumida por parte da população de 210 municípios brasileiros, incluindo São Paulo, Fortaleza e Campinas. Embora as concentrações individuais estivessem dentro dos limites considerados seguros pelo Ministério da Saúde, a combinação dessas substâncias, conhecida como “efeito coquetel”, pode representar riscos à saúde humana, incluindo doenças crônicas como câncer e disfunções hormonais e reprodutivas. É importante destacar que a legislação brasileira não leva em conta os riscos da interação entre os diferentes tipos de pesticidas .

Diante desse cenário, especialistas alertam para a necessidade de ações preventivas e políticas públicas que visem reduzir o uso de agrotóxicos e proteger os recursos hídricos. A conscientização da população sobre os riscos associados à contaminação da água da chuva e a implementação de medidas para monitorar e tratar a água consumida são essenciais para garantir a saúde pública e a preservação do meio ambiente.
Fontes: Jornal Sul, ancora 1 e UOL notícias.